Comparando os níveis de metabólitos em amostras fecais entre os dois grupos, os pesquisadores descobriram que os pacientes com colite ulcerosa ainda sofriam de inflamação intestinal, apesar do procedimento cirúrgico, e exibiam anormalidades bacterianas e metabólicas notáveis. Os pacientes com retocolite ulcerativa apresentaram níveis significativamente mais baixos de metabólitos conhecidos como ácidos biliares secundários.

Os ácidos biliares são compostos importantes, sintetizados principalmente no fígado, e fundamentais para uma digestão eficaz. Os ácidos biliares primários são inicialmente secretados para o intestino, onde são então convertidos em ácidos biliares secundários por uma variedade de bactérias. Pesquisas anteriores sugeriram que os ácidos biliares secundários são encontrados em níveis excepcionalmente baixos em pacientes com colite ulcerativa.

Dois ácidos biliares secundários específicos foram particularmente observados em baixos níveis em pacientes com retocolite ulcerativa: ácido deoxicólico e ácido litocólico. Estudos posteriores também ligaram a produção desses metabólitos a uma família particular de bactérias chamada Ruminococcaceae.

“Todas as pessoas saudáveis têm Ruminococcaceae no intestino”, diz Aida Habtezion, autora sênior do novo estudo. “Mas nos pacientes da bolsa UC [colite ulcerosa], os membros dessa família estavam significativamente esgotados.”

Em vez de experimentar algum tipo de terapia de reposição de probiótico para melhorar as bactérias Ruminococcaceae, os pesquisadores se concentraram diretamente em substituir os metabólitos ativos ausentes. Suplementos de ácido deoxicólico e ácido litocólico foram testados em três modelos separados de colite ulcerativa em camundongos e resultados positivos foram observados em todos os três modelos.

A administração dos dois ácidos biliares resultou em reduções de vários biomarcadores inflamatórios, bem como melhorias sintomáticas em todos os animais. Os modelos animais testados são considerados representativos da doença inflamatória intestinal geral, de modo que essas melhorias hipotéticas podem não ser isoladas apenas para colite ulcerativa, mas também podem se aplicar a condições como a doença de Crohn.

Ainda não está claro se esses baixos níveis de metabólitos estão causando inflamação intestinal, ou se eles são simplesmente uma consequência da doença. Um teste de fase 2 em humanos está atualmente em andamento na esperança de esclarecer essa mesma questão.

“Esse estudo nos ajuda a entender melhor a doença”, diz Habtezion. “Esperamos que isso também nos leve a ser capazes de tratá-lo com um metabólito produzido naturalmente que já está presente em grandes quantidades em um intestino saudável.”

A nova pesquisa foi publicada na revista Cell Host & Microbe.

Fonte: Stanford Medicine.